sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Sem Titulo II

Passa pelo primeiro vizinho e um boa noite sai por entre os dentes, passa o cão que corre ofegante, desce a rua, o ar frio parado corta-lhe os pulmões. Os olhos vítreos por entre o ar, as pessoas que seguem à sua frente. Os carros que passam seriam... mas o sinal passa a vermelho. O pedinte podia... mas adormecido pouco pode. A casa vermelha, mais uma montra. Aquela loja que não visitou. A música que continua ainda na sua cabeça, os versos perdidos, a melodia que não para, e repete, repete. Um táxi. O peito ainda lhe dói, só não sabe porquê. A ira que lhe corre no sangue e que faz com que o seu coração bata fora do peito, no frio do ar que corta. Enfim chega. Quero um desses. Pode ficar com o troco. O casaco deixa passar para fora o frio que sente dentro de si. Um homem que a segue, talvez seja este... mas muda de lado, depois de rua, perde-se. Sobe a rua, abre a porta e sobe as escadas sem acender a luz. Entra e um cigarro pouco a pouco queima-lhe o peito, o desgosto, a ansiedade, a solidão, a traição não cumprida, o abandono de si mesma...

Sem comentários: