sábado, 29 de novembro de 2008

Tiempe Passate

Querido Amigo,

Hace tiempo que te quiero escribir porque te hecho de menos...
Te acuerdas del tiempo en que lejos de comprender el mundo paseábamos entre los olmos. El cantar del ruiseñor que nos despertaba por las tardes en que dormíamos en una isla imaginaria.
Volvíamos un al otro, como dos golondrinas que regresan en el verano, enamorados con un amor que nos unía para siempre. Deseaba ser gondolero y tú te reías de mí.
Comías galletas con leche y yo me reía de ti.
Hoy me acordé de ti porque el volcán de la isla volvió a dar señales de vida. Hace años que nadie lo oía y hoy el olor volvió a mis narices como en el día en que te fuiste por última vez.
Te hecho de menos porque descubrí que te perdí en ese día. Sin embargo, creo que aún soy tú amigo, pero la verdad es que no sé en que crees ahora, que deseas, si aún sueñas como en aquellos tiempos.
¡Yo! Seguro que dejé de soñar porque ahora sólo hago con pensar en mi pasado. No en el nuestro pero en el mío.
Perdóname. Cuando puedas dime para dónde puedo enviarte esta carta. No sé tu dirección. La dejaré en la gaveta. Un día, un año, quizás siempre. La verdad, era que sólo quiero acordarme de ti, para acordarme de quién yo fui.

Besos

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Insolence

Era uma vez... Foi uma vez, uma única vez em que ela se sentou no sofá daquela biblioteca. Da cigarreira tirou o último cigarro e levou-o aos olhos enquanto o isqueiro iluminava aquele espaço de vida morta. Nunca tinha lido nenhum daqueles livros que agora a abraçavam. Os heróis morriam sem mesmo nascer porque ela era o início de cada página e o seu próprio fim. Na janela, a luz espaçada de um relâmpago que a despertava cansada. O vestido marfim contrastava com o frio que o ar carregava. Os olhos passeiam pela biblioteca e na alegria que a segue os olhos fecham-se em uma pausa consciente. O cigarro espera-a e o lume que não teve tempo de se apagar aguarda-a. A dona da casa, morta por cada rosa que colheu, lá fora, num jardim de pedra, segue-a também com um olhar fixo. Presa no tempo, eterna nos tons que a prendem.
A porta range.
- Não pode fumar aqui.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

J'adore


(Cai neve. Ruído de uma rua movimentada ao longe. Contido no seu esforço de chegar mais longe caminha, devagar, com um objectivo que é só seu. Não quer que notem a sua presença, mas na elegância com que caminha gosta de ser admirado, olha para que olhem para ele, só para ter a certeza de que ainda existe, de que não se tornou em mais um. Não se quer tornar em um pedinte de não-esmolas. Num vagabundo com abrigo. Indiferente. Só porque os outros se querem indiferentes. Um chapéu cinzento, óculos escuros, uma gabardina negra, luvas e cachecol, que não contrastam com o branco da neve, porque esta não é branca.
Senta-se, de costas, no banco de jardim, debaixo de uma árvore despida, passa uma mulher vestida de verde.)

Ele chama-a: Desculpe...

(Passa um homem sem chapéu)

Ele pergunta-lhe: Desculpe?

(Passam duas mulher que olham para ele, enquanto ele vê o homem sem chapéu afastar-se)

Ele: Desculpem!

(Não passa mais ninguém, o tempo passa e ele permanece sentado, sozinho, a neve cai espaçadamente, ruído dos guizos de uma carreta que não se vê. Ele tira o chapéu, os óculos, as luvas, o cachecol. Espreguiça-se. Respira fundo. Levanta-se, vira-se, sorri. Aproxima-se um par de namorados que brincam entre si. Ela de azul, ele de cinzento. Ela traz nas mãos papéis, livros, pastas. Ao passarem perto dele, deixa cair o que traz nas mãos, fruto de um beijo inesperado. Ele ajuda-os a apanhar o que caiu)

Ela: Obrigado!
Ele simultaneamente: Muito obrigado...

(Afastam-se sem que ele tenha tempo de responder. No chão ainda fica um livro que ele vê imediatamente e apanha-o)

Ele: desculpem.

(Fica a olhar o livro. Pega nas coisas que deixou no banco excepto o cachecol e parte do mesmo modo como chegou, com vontade de ser olhado sem que notem a sua presença. Dois jovens, vestidos de inverno, aproximam-se do banco e reparam no cachecol. O Primeiro pega-lhe e leva-o à cara, ao mesmo tempo para sentir a sua textura e para o cheirar)

Jovem: Uhhhmmmm!
(Passa o cachecol ao outro).

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Amor Amor


Sábias palavras
as de um pintor
que pintou num quadro
a palavr’amor

terça-feira, 25 de novembro de 2008

The One


Quando acordou só queria abraçar o cheiro na almofada do lado, a roupa espalhada pelo chão continuava como na noite anterior, mas só a sua… Uma sintonia indelével trazia-lhe recordações de momentos antes, meses anteriores, de anos que correram, numa mesma ânsia que discute e sufoca um grito.
Abrir os braços à janela, o vento que lhe corta o pijama e lhe entra pela parada pele. Espreguiçar-se. Querer-se e quer mais de si…
O leite maresia, o café desespero e pão, da carne que sofregamente beijou…
Come, lava-se, veste-se. A porta fecha… e a rua segue o seu caminho em duas direcções, escolher Uma por meio de todas as bifurcações. Entroncamentos. Cruzamentos. Rotundas. Querer apenas o caminho que lhe traz de volta as fragrâncias daquela noite.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

ETERNITY




Enquanto dormes vês um palco e nesse palco um outro palco. A actriz é espectadora na peça em que actuam palhaços malabaristas. Tu observas uma mulher sentada no palco onde deveria actuar, assistindo a uma peça em que actuam palhaços e malabaristas. A peça acaba, a mulher chora e o pano cai. Aplausos. O barulho acorda-te, à tua frente uma luz cega-te, continuas a responder, mecanicamente, ao que te dizem. O pano cai. Aplausos...Todos nos levantamos, o pano volta a subir e há palhaços e malabaristas que não o eram, uma mulher que não chorava e tu que não dormias. O pano volta a cair, a subir e a cair de vez. Todos saem. Cumprimento-te e peço um autógrafo à mulher que não chorava e saio em seguida. A porta daquele Mundo fecha-se. Um ruído faz-me parar e cair. Estou a olhar o céu, alguém passa as mãos pelo meu rosto e fecha-me os olhos. O meu pano cai e os Deuses aplaudem... Outros continuam em palco...

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Chanel Nº5

Depois de estacionar o carro em frente à entrada, saiu sem o fechar e assobiou, porque estava feliz. Do outro lado da mesma entrada ela despertou ao som do assobio. Vestiu os setes véus e deslizou pelas paredes. Viu, à noite, a cidade que a vira adormecer, encantada, sete séculos antes. O pai morto na guerra. A mãe, só, deixou-a adormecida e partiu em busca dos irmãos cativos do reino inimigo. E adormecida ficou sete horas. Acordou e perfumou-se com a essência do primeiro frasco que o erbanário lhe dera. Ninguém a amou. Adormeceu e adormecida ficou sete dias. Acordou e perfumou-se coma segunda essência. Ninguém a amou. Adormeceu e adormecida ficou sete meses. Também ninguém a amou com a terceira essência e adormecida ficou sete anos. E com a quarta adormecida ficou sete séculos. E hoje com a quinta essência partiu em busca do pai morto, da mãe que procurava os irmãos, dos irmãos cativos e de quem a desencantasse.
Entrou no primeiro carro que viu, parado à entrada, mas não estava atrelado e fugiu pelas ruas da cidade que a vira adormecer.
Quando voltou vinha acompanhado e envolta num casaco negro, ela entrou e sentou-se.
Olhou e disse: "Somebody in this car smells like Chanel No. 5. It’s not me, I can’t afford it."