terça-feira, 9 de junho de 2009

Paris

Quando pisou aquela cidade, sabia que podia amá-lo para sempre. Juntos, agora corriam pelas ruas como duas crianças esfomeadas de liberdade. As mãos cruzavam, tocavam-se, o cheiro dos plátanos, as escadarias e eles tempo demasiado depois de se quererem. Os encontros não dependiam deles, mas do tempo errado que os prendeu num nó fora de tempo.
As Rosas já secas, os sonhos desfeitos e uma esperança escondida enleada em lágrimas tão secas quanto as rosas. Sozinhos no seu mundo, o rio que os embala pelo olhar dos barcos que o sobem e descem.

A verdadeira primeira noite numa cama demasiado grande para quem quer abraçar. Um quarto demasiado grande para quem quer amar. E ao longe “La vie en rose” que ela desejava para ele, nota por nota, como se cada uma delas estivesse na pauta do tempo em que não podiam estar perto.

- Amava-te e não podia amar-te.
E quando se amam o passado fica tão presente que os destrói, sem salvação, sem piedade. Um amor que cresceu para lá do desejo, sem pedidos, só esperanças. Os beijos que ficaram por dar, os abraços ansiados, os olhares dos encontros e as palavras não escritas, escondidas numa gaveta secreta. Mas por um momento o amor deles é verdadeiramente puro e livre, ela, aperta-se nos braços e deixa-se morrer na paz que via nos olhos dele.