sábado, 6 de dezembro de 2008

Miracle

Redesenhava a cidade a cada nova direcção que tomava. Perdido durante a manhã. Subia ruas, atravessava praças, entrava em igrejas abertas e saía de livrarias com livros por comprar. As pessoas cruzavam-se com ele. Umas conhecidas, outras que o cumprimentam, algumas que passam e só uma o quis conhecer.
Seguiu-o, desejou-o e desejou que ele olhasse para trás.
No fim da rua, o sinal verde fá-lo precipitar-se. Mas o desejo atraio e grita-lhe. Olha para trás e os seus olhos cruzam-se com os olhos que o chamam. As pessoas continuam a andar, passos rápidos, malas que chocam, chávenas de café, ela pára, empregados que gritam, carros que avançam, ele sorri-lhe, buzinas, crianças que choram, estátuas que os olham, portas que se abrem, ela assusta-se, pessoas a entrar, pombos a voar, assustados, rápidos, um eléctrico que avança, ele não recua, o sinal encarnado, ela corada, com medo, ele embevecido, sem parar, o eléctrico que apita, um estrondo na cabeça, um grito de mulher, as pessoas rápidas, malas, sacos, sapatos, casacos, pés, uma sineta, que não pára, que não pára, e apita, ela corre, ele recua e ainda se olham pela primeira vez.

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