terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Puzzle

Um piano a quatro mãos.
Peça a peça,
nota que encaixa,
nota que não encaixa,
vira a nota,
torce a peça,
duas notas soltas,
uma peça que teima em não encaixar.
As mãos cruzam-se,
trocam-se,
tocam-se.
E continuam num piano a quatro mãos.
Peças certas,
peças erradas,
juntam cores,
afastam diferentes,
dividem,
separam,
e neste corrupio as mão sobem,
descem,
cruzam-se
e aquecem-se.
E as quatro mãos a criar o que já está criado
lutam,
mais rápido,
mais lento,
sem tempo,
porque o tempo que cada peça leva é o tempo de ver o que está por baixo.
Olham a pauta perfeita,
com cada peça na sua nota
e cada nota encaixada antes de ser desfeita.
E num piano a quatro mãos
cresce a euforia no que criam,
cresce uma alegria nas últimas quatro peças.
Uma nota solta,
vira,
revira,
encaixa
e vibra.
E num acto de amor a última peça passa de mão em mão para que juntas as mãos construam um puzzle que não serve para nada senão para que a quatro mãos num piano de peças apareça a imagem que vinha na caixa de cartão.

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