terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Fuel for Life

Pela última vez abraçaram-se na entrada de um prédio, sem saber que aquele seria o último beijo que davam. E foi como se o corpo se tornasse por momentos num só. Naquele momento último, o beijo marcou a necessidade de outros iguais que não foram mais.
De um modo estranho tinha perdido a inocência que tinha. De um modo estranho o mundo começou a girar ao contrário e não voltou mais à órbita com que a Terra gira. Ninguém reparou. Porque na entrada do prédio aquele beijo perdeu-se nesse mesmo tempo... E os olhares que trocam são uma esperança oca de algo vazio que encheu essa vida. De um modo muito estranho aconteceu algo maior que as palavras, maior que a física, a química ou a poesia. De um modo estranho o que alimentava deixou de ter pão, e o que bebia deixou de ter água. Ninguém viu. E na lembrança um outro beijo em que olhavam a cidade, abraçados, e em que contavam a sua história como se já tivesse acabado. Com viagens que não fizeram, músicas que não chegaram a ouvir juntos e o outro lado da cama vazio... Ninguém reparou.

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