quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

UOMO



Sentado à janela, olhando o fundo da rua, ele espera que seja diferente. O chá fumegante é o repouso do olhar que sorri e uma música ao fundo ocupa-lhe ainda o pensamento. A camisola perfeita, a casa arrumada e alguma curiosidade no tempo que passa. Uma companhia que busca mas não é a certa. Um olhar de criança que quer ser descoberto, nutrido de um imaginário que já não existe, que se esconde atrás de uma árvore, que acarinha com o sorriso, e brinca consigo no que esconde de si a quem chegar. No luscofusco do dia, a campainha toca, falam, entregam-se, em partes, em momentos, dois corpos que não se conhecem que chocam e que se desejam. Que se querem encontrar a medo, que querem dar e receber prazer, partilhar-se. Um beijo desencontrado, quase prefeito, outro perfeito mas falhado, e depois... Dois corpos perfumados que se impregnaram do cheiro alheio e que persiste mais além, horas depois, numa cama solitária. Tudo porque o futuro ficou na campainha que tocou.

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