quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Beyond Paradise

As mãos passam por cada estante que encontra, procurando um corpo que cada dia se afasta mais. Num intervalo de si, sentia-o ainda numa doçura que a cativara, numa ternura que a embevecera. E agora a solidão apoderava-se de cada inspiração sôfrega. Lamentava não poder senti-lo de novo perdido em si. Uns olhos ternos que se escondem por trás da cor que fazem brilhar. Um desconhecido que despertara nela vida e medos escondidos. Resgatada por momentos e novamente presa nas suas grades de ansiedade. O herói que a defendera e a seduzira, parte agora para o mar, na construção de uma aventura em que ela não se inclui. E, largada no silêncio que a sua casa lhe dera, sente-se completa na paz que o som ofusca. A felicidade está no silêncio que a cerca e no sonho da carta que não chegará. Ainda assim, percorre a casa sedenta de paixão, acariciando o corpo distante do marinheiro que não a quis prender.

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